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‘Cancerígeno’: Bayer é condenada por causa de herbicida

Autores da ação alegaram que desenvolveram câncer por causa do produto

A gigante química e farmacêutica alemã Bayer perdeu mais um processo relacionado a acusações de efeitos cancerígenos do Roundup, um herbicida à base de glifosato.

Um tribunal no estado americano de Missouri condenou o grupo na última sexta-feira (17/11) a pagar um total de US$ 1,56 bilhão a quatro pessoas, que alegam ter contraído câncer através do uso do herbicida, vendido pela multinacional Monsanto, pertencente à Bayer.

A Bayer anunciou que vai recorrer da sentença.

“Diferentemente dos processos anteriores, os tribunais têm, nos casos recentes, permitido indevidamente que os demandantes apresentem de forma deturpada os fatos regulamentares e científicos”, alegou a empresa.

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Valorie Gunther de Nova York, Jimmy Draeger do Missouri e Daniel Anderson, da Califórnia, receberam juntos US$ 61,1 milhões em indenizações compensatórias e US$ 500 milhões, cada um, em “indenizações punitivas”. Eles foram diagnosticados com linfoma não Hodgkin, que eles alegam ter sido causado pelo uso do Roundup na propriedade de suas famílias. A esposa de Draeger, Brenda, recebeu US$ 100 mil pelos danos que ela supostamente sofreu devido à doença de seu marido.

Derrotas consecutivas

Em outubro passado, a Bayer sofreu três derrotas consecutivas nos tribunais, após ter ganhado nove processos.

A Bayer sempre rejeitou as acusações contra o glifosato. A empresa alemã disse que décadas de estudos mostraram que o Roundup e seu ingrediente ativo, o glifosato, são seguros para uso humano.

Amplamente aplicado na União Europeia e em vários países do mundo, o glifosato tem estado no centro de um acalorado debate científico sobre seus efeitos na saúde e no meio ambiente.

Em julho, a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) declarou que não encontrou “áreas de preocupação crítica” que justificariam uma proibição do produto, embora tenha ressaltado que possuía poucos dados para avaliação.

A EFSA informou que entre os aspectos que não puderam ser esclarecidos de maneira conclusiva estão os riscos nutricionais para os consumidores e avaliações de risco para plantas aquáticas. O material disponível também não permitiu chegar a conclusões sobre potenciais riscos à proteção de espécies. O caráter inconclusivo do relatório foi amplamente criticado por especialistas independentes.

Entretanto, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês), da Organização Mundial da Saúde (OMS) avaliou em 2015 a substância como “provavelmente cancerígena”.

Licença será prorrogada na UE

Na quinta-feira passada, a Comissão Europeia anunciou que prorrogará por mais dez anos a licença para o uso do glifosato na União Europeia (UE). A decisão foi tomada devido à falta de um consenso entre os 27 países do bloco sobre a extensão da licença ou a proibição do agrotóxico mais utilizado no mundo e cuja aplicação é alvo de polêmicas e intensos debates entre especialistas e ambientalistas.

Segundo fontes diplomáticas, sete países, incluindo a França, Alemanha e Itália, se abstiveram na votação. Na última quinta-feira, uma nova votação também foi inconclusiva. A licença do glifosato expiraria em meados de dezembro. Devido ao impasse, a Comissão Europeia decidiu endossar a própria proposta e prorrogar por dez anos a autorização para o uso do produto.

Cerca de 165 mil queixas foram feitas por danos pessoais supostamente causados ​​pelo Roundup, marca adquirida pela Bayer em 2018, quando a alemã comprou a produtora de glifosato Monsanto, por US$ 63 bilhões.

Em 2020, a Bayer anunciou que direcionou mais de US$ 10 bilhões de dólares para encerrar aproximadamente cerca de 95 mil processos nos EUA relacionados ao herbicida Roundup. Cerca de 50 mil processos continuam em aberto.

md/jps (Reuters, AFP)

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