Brasil tem 29 casos confirmados de intoxicação por metanol; São Paulo concentra maioria
Ministério da Saúde aponta 217 suspeitas em investigação e 12 mortes sob apuração; consumo de bebidas adulteradas é o foco da crise
O Ministério da Saúde confirmou nesta sexta-feira (10) que o Brasil já contabiliza 29 casos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Segundo o governo federal, o número representa uma consolidação dos dados apurados ao longo das últimas semanas, com foco principal no estado de São Paulo, que concentra 25 das ocorrências. Os outros casos foram registrados no Paraná (3) e no Rio Grande do Sul (1).

Além dos casos confirmados, o ministério monitora 217 notificações suspeitas em investigação em diferentes estados do país, uma leve redução em relação ao último levantamento, que apontava 235 registros sob análise. A gravidade do quadro de saúde dos pacientes varia, com relatos de comprometimento neurológico, cegueira e insuficiência renal aguda em alguns deles.
Há também a apuração de 12 mortes possivelmente associadas à ingestão de metanol — substância altamente tóxica encontrada em bebidas ilegais, principalmente cachaças e vodcas comercializadas sem fiscalização adequada. Desses óbitos, cinco já foram confirmados como relacionados diretamente à intoxicação, todos em São Paulo. As demais mortes permanecem sob investigação médico-legal.
A crise sanitária, que já mobiliza autoridades estaduais, municipais e federais, levou o governo a lançar uma ofensiva nacional de fiscalização. Somente em São Paulo, a Operação “Gota a Gota” já interditou estabelecimentos, apreendeu milhares de garrafas sem origem comprovada e suspendeu inscrições estaduais de empresas envolvidas na cadeia de produção irregular.
Como resposta emergencial, o Brasil recebeu nesta semana um lote de 2,5 mil unidades do fomepizol, medicamento considerado o principal antídoto contra intoxicações por metanol. A carga desembarcou no Aeroporto de Guarulhos e começou a ser distribuída prioritariamente aos estados com maior incidência de casos.
Segundo especialistas, a intoxicação por metanol pode ocorrer mesmo em pequenas quantidades e o tempo entre a ingestão e o início do tratamento é determinante para a sobrevivência. A letalidade pode ser elevada quando não há intervenção médica rápida com o antídoto adequado.
O Ministério da Saúde reforçou o alerta à população para que não consuma bebidas de origem desconhecida, especialmente aquelas vendidas sem rótulo, registro ou procedência legal. A Anvisa também intensificou o monitoramento sobre a cadeia produtiva de bebidas alcoólicas no país.







