Crédito de carbono na Amazônia Legal pode gerar mais de US$ 10 bilhões até 2030
Estudo do Earth Innovation Institute aponta arrecadação potencial entre US$ 10,8 e 21,6 bi; seis estados já contam com apoio técnico.
Um estudo do Earth Innovation Institute (EII) estima que os estados da Amazônia Legal podem arrecadar entre US$ 10,8 bilhões e US$ 21,6 bilhões até 2030 com a venda de créditos de carbono por meio do modelo REDD+ jurisdicional.

O cálculo assume um preço de US$ 10 a US$ 20 por crédito de carbono (tCO₂e). Considerando o valor mínimo de US$ 10, a estimativa é de US$ 1,4 bilhão por ano, gerando receita já a partir de 2026, após a regulamentação estadual.
O EII já oferece suporte técnico a seis estados: Acre, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Tocantins. Outros — como Amazonas, Maranhão e Piauí — também estão iniciando programas dessa natureza.
O modelo jurisdicional (JREDD+) difere do REDD+ individual por envolver governos estaduais na responsabilidade por implementação, monitoramento e comercialização dos créditos.
Benefícios ambientais e climáticos
- A iniciativa poderia reduzir o desmatamento em até 90% até 2030 e em até 98% até 2050, representando forte impacto na preservação ambiental.
- As reduções de 2023 a 2024 — hoje convertíveis em créditos — poderiam gerar US$ 1,7 bilhão, valor equivalente ao desembolso do Fundo Amazônia ao longo de 16 anos.
Contexto e comparação
O potencial financeiro da Amazônia Legal, estimado entre US$ 10,8 e US$ 21,6 bilhões, supera a arrecadação total do Fundo Amazônia desde sua criação. Com o mercado global de carbono ganhando tração, o modelo jurisdicional pode representar um caminho genuíno para monetizar ações de preservação.
A médio prazo, a adesão à Coalizão LEAF — iniciativa público‑privada presente em escala global — e a implementação de políticas estaduais, junto a regulamentações federais (como as resoluções da CONAREDD e ART‑TREES), serão fundamentais para viabilizar essa transição.
Por que isso importa?
- Financeiramente, trata-se de uma nova fonte de recursos para os estados, estimulando a conservação em escala territorial.
- Ambientalmente, fortalece o combate ao desmatamento ilegal e preserva a biodiversidade.
- Social e globalmente, reforça o compromisso do Brasil com o Acordo de Paris e atrai investimentos internacionais para o desenvolvimento sustentável.
Próximos passos
- Cada estado precisa regulamentar a emissão de créditos, criando base para vendas a partir de 2026.
- Operacionalizar sistemas robustos de monitoramento e mensuração de reduções.
- Fortalecer a integração entre instâncias federais e estaduais, com atenção às normas da ONU e padrões voluntários.