Famílias brasileiras voltam a se endividar mais e inadimplência bate recorde em 2025
Alta no uso do crédito e dificuldades para quitar dívidas elevam inadimplência ao maior nível desde outubro de 2023, aponta CNC.
O endividamento das famílias brasileiras voltou a crescer em maio, atingindo 78,2% do total, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Esse índice representa alta de 0,6 ponto percentual em relação a abril (77,6%). Em comparação a maio de 2024 (quando estava em 78,8%), houve ligeira queda de 0,6 ponto.

Inadimplência em alta
Mais preocupante, a proporção de famílias com contas vencidas subiu de 29,1% em abril para 29,5% em maio — o maior nível registrado desde outubro de 2023. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve aumento de 0,9 ponto percentual (era 28,6% em maio de 2024).
Além disso, 12,5% das famílias declararam não ter condições de saldar os débitos vencidos — ante 12% em maio de 2024.
Modalidades e perfil de endividamento
- Cartão de crédito continua liderando, mencionado por 83,6% dos endividados (queda em relação a 86,9% em maio de 2024).
- Outra modalidade em alta são os carnês, com 17,2% das menções, contra 16,2% há um ano.
- Dívidas de médio e longo prazo vêm sendo reduzidas: apenas 32,8% das famílias têm compromissos acima de um ano — o menor nível desde junho de 2023.
Quem está mais afetado
O endividamento cresceu em quase todas as faixas de renda, com destaque para famílias que ganham entre 5 e 10 salários mínimos — aumento de 3,2 pontos percentuais sobre abril. A inadimplência também disparou entre essa faixa de renda.
Especialistas apontam que juros altos, inflação persistente e crédito de baixa qualidade pressionam as finanças do consumidor. O programa Desenrola Brasil, que permitiu renegociação de dívidas entre 2023 e 2024, foi útil mas insuficiente para conter esse movimento, segundo economistas da CNC e FGV.
Perspectivas para 2025
Tanto o presidente da CNC, José Roberto Tadros, quanto o economista-chefe Felipe Tavares alertam que o endividamento deve continuar crescendo até o fim de 2025, e que o aumento da inadimplência pode desacelerar esse movimento.
Tadros destaca que é fundamental conciliar acesso ao crédito com responsabilidade financeira para evitar um impacto negativo no crescimento nacional.