Los Angeles: chegada da Guarda Nacional sob ordem de Trump intensifica confrontos
Sem aval do governador da Califórnia, mobilização federal amplia protestos contra operações migratórias e reacende debate sobre autoritarismo
LOS ANGELES (EUA) – A capital cultural da Califórnia enfrenta um novo ciclo de instabilidade após a chegada da Guarda Nacional, mobilizada por ordem direta do ex-presidente Donald Trump para conter os protestos contra operações migratórias conduzidas entre os dias 6 e 8 de junho. A medida, tomada sem o consentimento do governador Gavin Newsom, provocou forte reação política e acirrou os confrontos nas ruas.

As manifestações, inicialmente organizadas contra ações do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE), tomaram maiores proporções após a chegada de cerca de 2.000 soldados da Guarda Nacional. A resposta militar elevou o clima de tensão, com confrontos intensos nas áreas de Fashion District, Compton, Paramount e no entorno do Metropolitan Detention Center.
Os protestos ganharam novos contornos com o bloqueio da rodovia 101 por manifestantes e o uso de coquetéis molotov contra veículos autônomos. Em resposta, forças de segurança lançaram bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e granadas de efeito moral para dispersar a multidão.
O governador Newsom classificou a decisão de Trump como “um ato ditatorial” e alertou para uma “violação inaceitável da soberania estadual”. Já a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, acusou o governo federal de “militarizar uma crise social”, tornando mais difícil o diálogo com as comunidades afetadas.
Em nota, o Departamento de Defesa afirmou que outras tropas federais, incluindo fuzileiros navais, estão de prontidão. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, defendeu a ação como “necessária para restaurar a ordem”.
Analistas políticos alertam que o envio da Guarda sem o aval estadual representa um marco perigoso no federalismo americano. Desde os distúrbios de Watts em 1965, uma intervenção similar não ocorria sem o acordo das autoridades locais.
Líderes de oposição, incluindo Bernie Sanders, denunciaram a medida como “um passo rumo ao autoritarismo”, enquanto aliados de Trump aplaudiram o gesto como “forte e decisivo”.
Com o endurecimento da repressão, as ruas de Los Angeles seguem em estado de alerta. Enquanto manifestantes denunciam abusos e prisões arbitrárias, o governo federal reforça sua presença, em meio a um embate jurídico e político que promete se intensificar.
A crise atual simboliza mais do que uma disputa sobre imigração: expõe as fragilidades do pacto federativo americano diante da crescente polarização política e da militarização das respostas a demandas sociais.