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Irã à beira de uma bomba nuclear? O que é fato, o que é retórica e o que dizem os especialistas
Entre alarmes de Israel, dúvidas dos EUA e alertas da ONU, especialistas explicam o real estágio do programa nuclear iraniano.
1. Contexto atual — campanhas militares e tensões no Irã
- Ataques israelenses recentes: desde 13 de junho, Israel lançou operações aéreas contra diversos alvos no Irã — incluindo o complexo de Natanz e o subterrâneo de Fordow — que, segundo Netanyahu, poderiam estar a “meses ou menos de um ano” de produzir uma arma nuclear.
- Resposta do Irã: Teerã reagiu com lançamentos de drones e mísseis, embora grande parte tenha sido interceptada.
- IAEA e compliance: em 12 de junho, a AIEA declarou que o Irã estava “não-compliant” com salvaguardas pela 1ª vez em 20 anos, citando aumento do estoque de urânio enriquecido a 60 %, próximo do nível de armas.
2. O cerne da questão: a alegação de que o Irã estaria “muito perto” de armas nucleares
- Visão de líderes americanos e israelenses: o ex‑presidente Trump e Netanyahu alegam que o Irã está “muito perto” de produzir uma arma nuclear — com Trump afirmando em 17 de junho que o país estava “very close”.
- Análise da inteligência dos EUA: porém, o Diretor de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, confirmou em março que o Irã não retomou o programa de armas — Khamenei não autorizou desde 2003. Agências americanas afirmam haver preparo técnico, mas “nenhum esforço ativo” de construção.
- Divergência entre aliados: Israel compartilhou inteligência sugerindo testes de “detonação” e “componentes para armas”; porém, os EUA e IAEA consideram esses sinais como continuidade de pesquisa, não um programa ativo.
3. Cenário trazido por especialistas
- “Estado limiar” nuclear: analistas classificam o Irã como um país em estado de limiar — possui quantidade e capacidade técnica, mas não decidiu produzir o artefato.
- Importância de Fordow: o sítio subterrâneo de Fordow enriquece urânio a 60 %, elevando o risco técnico. Qualquer ataque lá, como a Israel ameaça, pode retardar o avanço — mas também aumenta o tensionamento regional.
- Efeito dos bombardeios: ataques a cientistas e infraestruturas foram “um choque no sistema”, mas substituições rápidas podem compensar a curto prazo.
4. Especialista responde: bomba nuclear iraniana, sim ou não?
Um especialista ouvido por este site resume:
“O Irã hoje tem estoque e capacidade técnica para atingir ‘o limiar’ de armas nucleares — urânio enriquecido a 60 %, laboratório de testes e centrifuga‑gem avançada — mas não há evidência de que tenha tomado a decisão política de produzir armas”
Conclusão do especialista:
- Capacidade técnica: sim — em estado limiar.
- Decisão política: não — não foi tomada formalmente.
- Prazos estimados: se decidisse hoje, levaria meses (6–12 meses) para produzir a primeira arma, considerando extra enriquecimento e montagem.