Carlos Lupi pede demissão do Ministério da Previdência após escândalo no INSS
Ministro deixa o cargo em meio a investigações sobre fraudes bilionárias no INSS; esquema desviou mais de R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu demissão nesta sexta-feira (2) após a revelação de um esquema de fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A decisão foi comunicada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião no Palácio do Planalto. Lupi afirmou que seu nome não foi citado nas investigações, mas que optou por deixar o cargo para preservar a integridade do governo e permitir o avanço das apurações.
Entenda o escândalo que levou à saída de Lupi
A operação “Sem Desconto”, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) em abril, revelou um esquema que desviou cerca de R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024. Associações de classe realizavam descontos mensais nos benefícios sem autorização dos segurados, utilizando documentos falsificados. A operação resultou em 211 mandados de busca e apreensão, seis prisões temporárias e o sequestro de mais de R$ 1 bilhão em bens.
O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, foi afastado e posteriormente pediu demissão. As investigações apontam que Lupi foi alertado sobre as irregularidades em junho de 2023, mas só tomou providências em março de 2024, o que gerou críticas sobre sua atuação e aumentou a pressão por sua saída.
Repercussões políticas e novo comando
Com a saída de Lupi, o presidente Lula convidou o secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, para assumir o Ministério da Previdência Social. A nomeação será publicada em edição extra do Diário Oficial da União ainda nesta sexta-feira.
A oposição intensificou as críticas ao governo e articula a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes no INSS. Além disso, o escândalo reacendeu debates sobre a necessidade de maior fiscalização e transparência nos convênios firmados pelo instituto.
Declarações de Carlos Lupi
Em nota publicada nas redes sociais, Lupi reiterou que não foi citado nas investigações e que sempre colaborou com as apurações. “Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram suas funções para prejudicar o povo trabalhador”, declarou. Ele também agradeceu aos servidores do INSS e do Ministério da Previdência Social pelo trabalho realizado durante sua gestão.
Próximos passos
O governo federal promete rigor nas investigações e no ressarcimento dos valores desviados. A Advocacia-Geral da União (AGU) foi acionada para processar as entidades envolvidas e garantir a devolução dos recursos aos beneficiários prejudicados. Enquanto isso, o novo ministro, Wolney Queiroz, terá o desafio de restaurar a confiança na Previdência Social e implementar medidas que evitem a repetição de fraudes semelhantes.