Itamaraty organiza evacuação de 27 autoridades brasileiras ainda em Israel

O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) informou nesta segunda-feira (16) que 27 autoridades brasileiras, entre prefeitos, governadores, vereadores e secretários, permanecem em Israel em meio à escalada do conflito com o Irã e devem ser evacuadas “nos próximos dias”.

Um primeiro grupo de 12 autoridades já deixou o país no quarto dia de confrontos entre Israel e Irã. Eles seguiram por via terrestre até a Jordânia e, de lá, contrataram voo particular via Arábia Saudita para retornar ao Brasil. Entre eles estavam os prefeitos Álvaro Damião (Belo Horizonte, União) e Cícero de Lucena (João Pessoa, PP).

O governo de Israel propôs uma evacuação semelhante por terra até a Jordânia para o grupo restante, coordenada pela Embaixada do Brasil em Tel Aviv e pelo chanceler Mauro Vieira com apoio de autoridades jordanianas. A rota terrestre se tornou o único meio viável devido ao fechamento do espaço aéreo israelense, ainda sem previsão de reabertura.

A nota oficial do Itamaraty também alerta para tentativas de golpes por meio de mensagens oferecendo vagas em voos inexistentes — disseminadas por criminosos — e reafirma que os brasileiros em Israel sigam rigorosamente as instruções do Home Front Command, permanecendo próximos a bunkers durante sirenes de alerta.

Desde outubro de 2023, o Itamaraty mantém alerta consular que desaconselha viagens não essenciais a Israel. Naquele ano, cerca de 1.413 brasileiros foram evacuados do país durante conflito com o Hamas. Desta vez, a operação foi desencadeada após organização de duas comitivas a convite do governo israelense, mesmo com o alerta vigente.

Contexto e próximos passos

• Missão oficial: os grupos participaram da Expo Muni Israel 2025 e de reuniões sobre inovação e gestão pública — convites feitos por Israel.
• Rotas alternativas: após a Jordânia, há conversas sobre entrada também pelo Egito, quando necessário.
• Apoio diplomático: a operação inclui envolvimento de embaixadas em Tel Aviv, Amã e Riade, e articulação direta entre o chanceler brasileiro e seus pares jordanianos e sauditas.
• Segurança de todos: embora aguardem, as autoridades estão alojadas em instalações com infraestrutura de bunker e seguem o alerta consular da Embaixada do Brasil.

Impactos e avaliação

• Diplomático: a iniciativa diplomática mostra agilidade e cooperação entre Brasil, Israel e países vizinhos, além do uso de diferentes canais logísticos (privado, comercial e militar se necessário).
• Político interno: a ida de autoridades brasileiras a Israel, mesmo com alerta consular, já gerou críticas e indica desconsideração das orientações do Itamaraty.
• Risco humanitário: a valorização de rotas seguras e coordenação em áreas de conflito reforça importância da comunicação prévia e cumprimento de alertas em missões oficiais.