Trabalho remoto global enfrenta condições precárias, aponta estudo da Universidade de Oxford
Relatório Fairwork 2025 revela baixa remuneração, contratos opacos e ausência de proteção social em plataformas digitais
Trabalho remoto global enfrenta condições precárias, aponta estudo da Universidade de Oxford
O trabalho remoto, impulsionado pela digitalização e pela pandemia, tornou-se uma realidade para milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, um estudo recente da Universidade de Oxford revela que, apesar da flexibilidade aparente, muitos trabalhadores enfrentam condições laborais precárias em plataformas digitais.

Principais constatações do Relatório Fairwork 2025
O Relatório Fairwork Cloudwork Ratings 2025 avaliou 16 plataformas de trabalho em nuvem, como Amazon Mechanical Turk, Upwork e Fiverr, envolvendo cerca de 750 trabalhadores em 100 países. As principais conclusões incluem:
- Baixa remuneração: Apenas quatro das 16 plataformas garantem pagamento igual ou superior ao salário mínimo local, mesmo com o setor movimentando cerca de US$ 557 bilhões em 2024.
- Pagamentos irregulares: Um em cada três trabalhadores relatou não receber por serviços prestados ou receber em cartões-presente, que precisaram ser leiloados online para conversão em dinheiro.
- Contratos opacos: Muitos contratos possuem cláusulas vagas, dificultando a compreensão dos direitos e deveres dos trabalhadores, especialmente para aqueles que não dominam o inglês.
- Falta de proteção social: As plataformas frequentemente se eximem de responsabilidades sobre a saúde e bem-estar dos trabalhadores, mesmo exigindo longas jornadas e exposição a conteúdos sensíveis.
Exemplos de precariedade
O relatório destaca casos como o de uma trabalhadora peruana, formada em ciências sociais, que desenvolveu problemas de visão após longas horas de trabalho diante de telas. Sem apoio da plataforma, ela foi desligada sem compensações.
Recomendações e ações futuras
Diante das constatações, o relatório recomenda:
- Regulamentação rigorosa: Implementação de leis nacionais e internacionais que garantam direitos básicos aos trabalhadores de plataformas digitais.
- Transparência contratual: Clareza nos termos de serviço e contratos, permitindo que os trabalhadores compreendam plenamente suas obrigações e direitos.
- Proteção social: Garantia de acesso a benefícios como saúde, descanso remunerado e segurança no trabalho.
No Brasil, o Ministério Público do Trabalho (MPT) tem recebido denúncias sobre descumprimento de leis trabalhistas no setor e defende a aplicação de regras mais claras para proteger os trabalhadores.