São Paulo

Justiça obriga Tarcísio a apresentar estudos antes de propor venda de fazendas experimentais

As 35 áreas são essenciais para pesquisa pública, segundo a APqC

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou, na última semana, que o Estado apresente à comunidade científica um plano de ação sobre as pesquisas realizadas nas 35 áreas experimentais que o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) pretende vender.  No último dia 11, a Justiça de São Paulo acolheu pedido da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) e suspendeu uma audiência pública que discutiria a alienação das áreas. O Estado recorreu da decisão e conseguiu reverter parcialmente a liminar, mas acabou sendo obrigado a cumprir exigências impostas pela Justiça.

Na decisão, além de exigir o plano de ação sobre pesquisas, o desembargador Kleber Leyser de Aquino também estabeleceu que o estado apresente, com no mínimo dez dias de antecedência de uma nova audiência pública, um estudo econômico que justifique a proposta de venda das áreas de pesquisa e o tamanho das áreas que serão alienadas. 

“Esses eixos informativos são essenciais a fim de respaldar a opinião da comunidade científica sobre a proposta de venda, tendo em vista ainda os impactos que ela pode causar no trabalho desenvolvido pelos institutos científicos”, escreveu o magistrado. 

“É uma decisão fundamental para garantir transparência neste processo, uma vez que ele vinha sendo realizado sem apresentação de estudos que orientem as decisões do governo, com riscos flagrantes à produção de conhecimento”, afirma Helena Goldman, advogada da APqC. 

No recurso ao TJ-SP, o Estado confirma que pretende vender 1.300 hectares dedicados à pesquisa agropecuária. A lista de fazendas experimentais inclui propriedades espalhadas por diferentes regiões do Estado, dedicas à produção de conhecimento em diferentes áreas da agricultura, como cana-de-açúcar, amendoim, café, citrus, pecuária, uva, dentre outras. 

Helena Dutra Lutgens, presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (Silvio Dutra/Divulgação)

“Quando São Paulo enfrentou a crise do café, as pragas da laranja – ainda presentes nos laranjais, foi a pesquisa feita pelos institutos públicos que orientou a tomada de decisão. Sem pesquisa não há futuro. Governos são passageiros, mas o patrimônio público dedicado à ciência deve ser preservado e ampliado, especialmente em momentos em que a sociedade é desafiada com o avanço da emergência climática”. 

Helena Dutra Lutgens, presidente da APqC

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