Capital

Primeiras famílias deixam Favela do Moinho em São Paulo após protestos

Remoção de moradores no centro de São Paulo é marcada por resistência, presença policial e críticas à falta de garantias habitacionais

A remoção das primeiras famílias da Favela do Moinho, localizada na região central de São Paulo, teve início nesta terça-feira (22), em meio a protestos de moradores e forte presença da Polícia Militar. A ação faz parte do plano do governo estadual de desocupar a área para a construção do Parque do Moinho.​

Tensão e resistência

Desde as primeiras horas da manhã, a comunidade foi cercada por agentes da Polícia Militar, gerando tensão entre os moradores. Apenas após mais de três horas de negociação, os agentes da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) iniciaram a remoção das famílias que já haviam manifestado interesse em sair.

Moradores expressaram preocupação com o valor do auxílio-aluguel de R$ 800, considerado insuficiente para garantir moradia na mesma região. Também houve críticas à falta de garantias sobre o acesso a unidades habitacionais definitivas. Segundo o governo estadual, apenas 47 contratos estavam prontos para assinatura no primeiro dia de remoção.

Histórias de quem saiu

A dona de casa Bárbara Monique dos Santos, de 28 anos, foi uma das primeiras a deixar a favela. Ela vive com o marido e duas filhas pequenas — uma delas, de seis anos, passou por uma traqueostomia e tem um canal no pescoço para conseguir respirar. Em uma operação da Polícia Militar paulista (PM-SP) na última sexta (18), a menina teve crises severas devido ao gás de pimenta usado pelos agentes.

Bárbara diz que decidiu deixar o local pela repressão constante que os moradores sofrem da PM-SP e pelo medo de não ter reparação alguma. Ela vai se mudar provisoriamente para uma casa de amigos também na região central, ainda perto de um hospital onde a filha passa por tratamento médico. A mudança definitiva está prevista para o fim de 2026, quando a CDHU prevê entregar um imóvel financiado à família no bairro Cachoeirinha, na zona norte.

O plano do governo

Segundo a CDHU, 716 das 820 famílias da favela foram cadastradas e teriam aderido voluntariamente ao plano habitacional. A gestão estadual promete entregar imóveis para reassentamento, sendo que 100 unidades já foram adquiridas e outras 340 estão em fase de contratação ou obras. Para viabilizar a saída, o governo oferece auxílio-mudança de R$ 2.400, além do auxílio-aluguel de R$ 800, dividido igualmente entre governo estadual e prefeitura.

A área da Favela do Moinho pertence à União e está em processo de cessão ao governo estadual. A transferência, no entanto, depende da garantia de moradia às famílias que vivem no local, segundo a Secretaria do Patrimônio da União.

Próximos passos

A remoção das famílias da Favela do Moinho deve continuar nos próximos dias. Moradores que ainda resistem à saída exigem garantias mais concretas de reassentamento e criticam a forma como o processo está sendo conduzido. A tensão permanece alta na região, com a presença constante da Polícia Militar e a mobilização de movimentos sociais em apoio à comunidade.​

5 1 voto
Avalie o artigo

Se inscrever
Notificar de

0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

Mais desta categoria

Botão Voltar ao topo
0
Está gostando do conteúdo? Comente!x
Fechar

Bloqueador de anúncios

Não bloqueie os anúncios