Fraudes no INSS: Lupi ignorou sinais e demorou quase um ano para agir
Relatórios alertaram para descontos indevidos em aposentadorias ainda em 2023, mas respostas concretas do Ministério da Previdência só vieram no ano seguinte
A demora do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, em agir diante de indícios de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) revelou fragilidades na condução da pasta. Documentos e reuniões do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) indicam que alertas sobre descontos não autorizados em aposentadorias e pensões foram feitos em junho de 2023, mas medidas efetivas só começaram a ser implementadas em março de 2024.

O alerta mais explícito veio de conselheiros do CNPS, que cobraram a revisão dos Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) responsáveis por autorizar os descontos. À época, Carlos Lupi reconheceu a relevância do tema, mas adiou sua inclusão na pauta, o que, segundo especialistas, contribuiu para a ampliação das irregularidades.
Relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) mostram que o número de reclamações por descontos indevidos saltou de 762 manifestações para mais de 742 mil entre 2023 e o início de 2024. Estima-se que as fraudes tenham causado um prejuízo de R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos nesse período.
Somente após a pressão pública e os novos dados da CGU, o INSS implementou regras mais rígidas para controlar os descontos e iniciou investigações internas. Em abril de 2025, a Operação Sem Desconto da Polícia Federal levou ao afastamento do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e à suspensão de diversas entidades associativas.
Apesar de negar omissão, Carlos Lupi enfrenta críticas de especialistas e representantes do setor previdenciário pela demora na resposta. Para analistas, a lentidão nas ações demonstrou falta de prioridade na proteção dos direitos dos aposentados e pensionistas.