Democracia “corre risco como no período nazista”, alerta Lula em Santiago
Durante cúpula “Democracia Sempre” no Chile, presidente afirma que onda extremista atual remete à ascensão do nazismo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou neste domingo (21), em Santiago, no Chile, que a democracia global está em risco semelhante ao enfrentado durante a ascensão do nazismo na Alemanha nos anos 1930. A afirmação foi feita durante a cúpula internacional “Democracia Sempre”, organizada pelo presidente chileno Gabriel Boric. Lula alertou para os perigos representados pelo avanço de ideologias extremistas, defendendo uma resposta internacional que valorize a diversidade política, cultural e religiosa, mas que rejeite discursos de ódio e antidemocráticos.

Segundo o presidente brasileiro, “a democracia corre risco com o extremismo como ocorreu na fundação do Partido Nazista, com a ascensão do [Adolf] Hitler”. Para ele, o fortalecimento de movimentos ultranacionalistas e autoritários em diversas partes do mundo acende um alerta sobre o enfraquecimento das instituições democráticas. Lula sublinhou que, embora sejam legítimas as divergências ideológicas entre direita, esquerda e centro, essas diferenças não podem justificar a intolerância, a violência política ou o retrocesso de direitos fundamentais.
O encontro reuniu líderes de países da América Latina e Europa, como Gustavo Petro (Colômbia), Pedro Sánchez (Espanha) e Yamandú Orsi (Uruguai), em um esforço conjunto para enfrentar os desafios contemporâneos à democracia. Três eixos foram discutidos na cúpula: a defesa institucional e do multilateralismo, o combate à desigualdade social e a regulação das plataformas digitais com o objetivo de conter a desinformação que mina processos democráticos.
Durante sua fala, Lula também criticou o papel das redes sociais na propagação de discursos radicais e na manipulação da opinião pública, destacando a urgência de um debate internacional sobre a responsabilidade das grandes plataformas tecnológicas. O presidente reiterou que, sem enfrentar de forma séria os riscos atuais, o mundo pode reviver tragédias semelhantes às que marcaram o século XX, como o totalitarismo e a perseguição a grupos minoritários.
Essa não foi a primeira vez que Lula traçou paralelos entre o cenário atual e o avanço do nazismo. Em junho deste ano, durante discurso em Paris, o presidente brasileiro já havia advertido sobre o crescimento de uma “extrema-direita nazista e fascista”, conclamando a sociedade internacional a não subestimar essas ameaças.
A fala de Lula se insere em um contexto global de preocupações com o retrocesso democrático, a crise de representatividade política e o aumento da intolerância. O evento em Santiago reforça a urgência de ações coordenadas entre governos democráticos para preservar conquistas históricas e enfrentar os novos desafios impostos por forças autoritárias em ascensão.