Política

Ministro do Trabalho classifica jornada 6×1 como “cruel”, mas defende transição gradual

Luiz Marinho propõe redução imediata para 40 horas semanais e debate progressivo sobre o fim da escala 6x1

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou neste sábado (10) que a jornada de trabalho no modelo 6×1 — seis dias consecutivos de trabalho seguidos por um de descanso — é “cruel”, especialmente para as mulheres. Apesar disso, ele reconheceu que não há espaço para o fim imediato dessa escala, propondo uma redução da jornada semanal para 40 horas como primeiro passo.

Ministro do Trabalho classifica jornada 6x1 como "cruel", mas defende transição gradual
Luiz Marinho propõe redução imediata para 40 horas semanais e debate progressivo sobre o fim da escala 6×1(Fabio Rodrigues – Pozzebom – Agência Brasil)

“Seria plenamente possível o Congresso aprovar a redução da jornada de trabalho imediatamente para 40 horas semanais, sem redução de salário, e iniciar um processo maduro de debate na construção gradativa para acabar com o 6×1”, declarou Marinho durante visita à Feira Nacional da Reforma Agrária, promovida pelo MST em São Paulo.

O ministro enfatizou a importância de um “debate saudável” sobre o tema, evitando mudanças abruptas que possam surpreender o empresariado. Ele destacou que a jornada 6×1 é particularmente prejudicial às mulheres, afetando sua saúde e bem-estar.

Marinho também mencionou que, no passado, foi proposta uma mudança gradual com a diminuição de 30 minutos por ano na jornada de trabalho, o que não foi aceito. “Já estaríamos em 40 horas já há muito tempo se isso tivesse sido feito”, afirmou.

A discussão sobre a jornada 6×1 ganhou destaque após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestar apoio à revisão desse modelo. Em pronunciamento no Dia do Trabalhador, Lula afirmou que é hora de o Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar dos trabalhadores.

Atualmente, tramita no Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que visa acabar com a escala 6×1 e estabelecer uma jornada de trabalho de até 36 horas semanais distribuídas em, no máximo, quatro dias. A proposta conta com o apoio de movimentos sociais, como o Movimento Vida Além do Trabalho, que defende mudanças na legislação trabalhista para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.

O ministro do Trabalho reforçou que o desafio para o fim da escala 6×1 é convencer o Congresso Nacional e as lideranças empresariais sobre a necessidade de jornadas mais humanas e sustentáveis. “É preciso pensar em sustentabilidade. Sem mudanças abruptas”, concluiu Marinho.

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