Rubinho Nunes perde mandato após divulgar laudo falso contra Boulos

A Justiça Eleitoral de São Paulo cassou o mandato do vereador Rubinho Nunes (União Brasil) e o declarou inelegível por oito anos, após ele divulgar um laudo médico falso que atribuía ao então candidato à prefeitura Guilherme Boulos (PSOL) o uso de cocaína. A decisão foi proferida pelo juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral da capital, em 30 de maio de 2025.

Decisão judicial e fundamentos

O magistrado entendeu que Rubinho cometeu abuso de poder político, uso indevido dos meios de comunicação social e fraude à legislação eleitoral ao publicar o laudo falso em suas redes sociais, dois dias antes do primeiro turno das eleições de 2024. O documento, originalmente divulgado por Pablo Marçal (PRTB), então candidato à prefeitura, alegava que Boulos estava em surto psicótico e havia testado positivo para cocaína. A perícia oficial concluiu que o laudo era falso, com assinatura forjada de um médico já falecido.

Na sentença, o juiz destacou que a postagem, mesmo que tenha permanecido no ar por apenas 26 minutos, teve grande repercussão, considerando que o vereador possui mais de 400 mil seguidores. Segundo o magistrado, “não há dúvidas de sua atuação na publicação do laudo falso em desfavor de Boulos, o que restou incontroverso já na primeira manifestação defensiva, pois em momento algum o investigado negou que tenha realizado tal publicação”.

Defesa e posicionamento de Rubinho Nunes

Em nota, Rubinho Nunes afirmou que vai recorrer da decisão, alegando que não houve qualquer ilegalidade. Ele argumenta que apenas compartilhou o laudo publicado por Marçal, sem saber de sua falsidade, e que retirou a postagem do ar assim que surgiram dúvidas sobre sua veracidade. O vereador segue no cargo enquanto o recurso é analisado em instâncias superiores.

Repercussão e ações relacionadas

Guilherme Boulos classificou a decisão como uma vitória, ainda que tardia, da democracia. Ele afirmou que espera que tanto Rubinho quanto Marçal sejam responsabilizados por seus atos.

Pablo Marçal, responsável pela divulgação inicial do laudo falso, foi denunciado pelo Ministério Público Eleitoral e é investigado pela Polícia Federal por uso de documento falso. A Justiça Eleitoral já determinou a remoção de publicações difamatórias feitas por Marçal contra Boulos durante a campanha.