Lula reage com veemência a tarifaço de Trump e denuncia “chantagem inaceitável”
Em rede nacional, presidente defende soberania brasileira e critica aliados internos da medida americana
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta quinta-feira (17) um duro pronunciamento em rede nacional para responder à decisão do governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Em tom firme, Lula classificou a medida como uma “chantagem inaceitável” e anunciou que o Brasil recorrerá a todos os meios legais e diplomáticos para enfrentar a ofensiva comercial americana.

Durante os cerca de cinco minutos de fala, Lula afirmou que o governo brasileiro conduziu mais de dez rodadas de negociações e enviou uma proposta formal em 16 de maio, mas, em troca, recebeu apenas ameaças e a difusão de informações falsas. O presidente frisou que o Brasil jamais se curvará a pressões externas e garantiu que qualquer tentativa de interferência estrangeira contra o Judiciário brasileiro, especialmente o Supremo Tribunal Federal, será considerada um ataque direto à soberania nacional.
Mais incisivo do que de costume, Lula aproveitou o espaço em cadeia nacional para criticar duramente os políticos brasileiros que apoiaram a tarifa americana, chamando-os de “traidores da pátria”. Segundo ele, esses agentes internos agem com desprezo ao povo e aos interesses nacionais, apostando no caos para colher dividendos políticos. O presidente disse que esses aliados do tarifaço esqueceram que o Brasil é hoje um dos países que mais reduz o desmatamento da Amazônia e reiterou que não aceitará “gringo dando ordens aqui”.
Entre os argumentos apresentados, Lula destacou que os Estados Unidos acumulam um superávit comercial de mais de US$ 410 bilhões com o Brasil ao longo de 15 anos, o que desmente, segundo ele, qualquer narrativa de desequilíbrio nas relações bilaterais. O presidente também fez questão de citar o Pix, que classificou como “patrimônio do povo brasileiro”, e indicou que parte do ataque americano vem do incômodo das big techs com a regulação que o Brasil está promovendo no setor digital.
Lula concluiu afirmando que o Brasil é um país pacífico, mas que não se dobrará diante de imposições econômicas injustificáveis. Disse que “não há vencedores em guerras tarifárias”, mas garantiu que o país responderá com ações na Organização Mundial do Comércio (OMC), medidas com base na Lei da Reciprocidade e articulações com países parceiros para defender os interesses nacionais.
A fala presidencial evidencia uma estratégia clara: endurecer o discurso contra Washington, responsabilizar atores internos por apoio ao exterior e tentar mobilizar setores da sociedade em defesa de uma resposta coordenada. Com isso, Lula assume protagonismo num dos episódios mais tensos da política externa recente, marcando território num momento de fragilidade global das relações comerciais.







