Sem avanços nas negociações, tarifa de 50 % dos EUA sobre produtos brasileiros entra em vigor nesta semana
Casa Branca confirma aplicação de tarifa a partir de 1º de agosto; Brasil segue sem acordo bilateral apesar de tentativas de diálogo
As tarifas de 50 % anunciadas pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros entrarão em vigor na próxima sexta-feira, 1º de agosto, sem possibilidade de prorrogação, conforme confirmou o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, em entrevista divulgada neste domingo (27). A medida fazia parte de um pacote unilaterais de retaliação em resposta às ações da Justiça brasileira contra o ex‑presidente Jair Bolsonaro, que motivaram acusações cruzadas entre os países.

Apesar de o governo brasileiro afirmar estar aberto ao diálogo, até o momento não houve avanço significativo nas negociações com Washington. O vice-presidente Geraldo Alckmin relatou ter mantido uma conversa de cerca de uma hora com o secretário Howard Lutnick, que classificou como “boa” e “frutífera”, mas sem desdobramentos concretos até agora. Lula já enviou uma carta formal em 16 de maio e tentou múltiplas interlocuções, todas sem resposta consistente, conforme relatado pelo presidente brasileiro em eventos públicos.
O Brasil continua avaliando medidas de resposta, incluindo recursos à Organização Mundial do Comércio (OMC) e aplicação da Lei de Reciprocidade Comercial para tarifas retaliatórias. Um plano emergencial com linhas de crédito para setores mais afetados será apresentado ao presidente Lula nos próximos dias. O governo de São Paulo também sinalizou possíveis medidas estaduais, já que o impacto pode atingir até 2,7 % do PIB do estado e afetar 120 mil empregos locais.
Entre os setores mais vulneráveis estão suco de laranja, café, carne bovina e açaí — com os produtores brasileiros já relatando cancelamentos de contratos e queda abrupta nos preços nos EUA. Para a Casa Branca, não há mais espaço para carências ou extensões, e a arrecadação usará a alfândega americana já no primeiro dia útil do mês que vem.
Caso as tarifas se confirmem nesta semana, ainda existe a possibilidade de diálogo depois de 1º de agosto, segundo Lutnick — mas, até lá, o decreto permanece irreversível. O Brasil enfrenta agora o desafio de mitigar os efeitos econômicos enquanto tenta manter aberto um canal diplomático cada vez mais difícil.







