PL afasta Bolsonaro de funções partidárias e corta salário após condenação
Ex-presidente perde vínculo formal com a legenda enquanto cumpre pena por tentativa de golpe de Estado
O Partido Liberal (PL) oficializou nesta quinta-feira (27) o afastamento de Jair Bolsonaro de todas as suas funções partidárias, além de suspender o pagamento que vinha sendo feito ao ex-presidente desde sua filiação. A medida, segundo a legenda, foi tomada em cumprimento à legislação vigente e se refere à perda dos direitos políticos de Bolsonaro após sua condenação por tentativa de golpe de Estado.

O comunicado afirma que a suspensão das atividades e da remuneração terá validade enquanto estiverem em vigor os efeitos da condenação proferida na Ação Penal 2668, que resultou no início do cumprimento da pena em regime fechado. Bolsonaro encontra-se atualmente detido na superintendência da Polícia Federal em Brasília.
A decisão implica o congelamento do cargo simbólico de “presidente de honra” que Bolsonaro exercia no PL, além da interrupção do salário mensal que vinha recebendo da sigla. O valor, de acordo com estimativas de fontes partidárias, girava em torno de R$ 46 mil mensais, e cobria funções ligadas a articulações e representação política, mesmo após o fim do mandato.
O afastamento ocorre em um momento de forte tensão no núcleo político bolsonarista. Em reação pública, o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, reforçou que a decisão não partiu de vontade política, mas sim de uma obrigação legal imposta ao partido. Em publicação nas redes sociais, Flávio pediu união entre os aliados e declarou que “nada faltará ao meu pai enquanto eu estiver vivo”.
Nos bastidores, aliados avaliam que o afastamento de Bolsonaro da estrutura do partido pode ter impactos significativos nas articulações eleitorais e na manutenção da base conservadora. Ainda assim, o PL mantém postura institucional, tentando equilibrar o respeito às decisões judiciais com a preservação da imagem do ex-presidente junto à sua base.
Bolsonaro foi condenado por liderar uma tentativa de subversão da ordem democrática, envolvendo articulações militares e ataques às instituições após sua derrota nas eleições de 2022. A sentença estabeleceu pena de 27 anos e 3 meses de prisão, o que o torna inelegível e agora também o afasta da esfera de atuação partidária.
A suspensão de suas atividades dentro do PL marca mais uma etapa do desdobramento jurídico e político que isola progressivamente Bolsonaro do sistema político institucional. Ainda que siga influente entre sua base de apoiadores, a perda dos direitos políticos e agora do vínculo funcional com o partido evidenciam o peso das condenações que recaem sobre o ex-presidente.







