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Prefeitura de SP inicia obras de estacionamento sob o Minhocão e enfrenta críticas de especialistas

Remoção parcial de ciclovia para criação de vagas de estacionamento gera polêmica e ações judiciais em São Paulo

A Prefeitura de São Paulo iniciou nesta segunda-feira (28) as obras para transformar parte da ciclovia sob o Elevado Presidente João Goulart, conhecido como Minhocão, em vagas de estacionamento para carros. A medida, apresentada como projeto experimental, gerou críticas de urbanistas, cicloativistas e vereadores da oposição, que questionam a falta de estudos técnicos e a prioridade dada aos automóveis em detrimento da mobilidade ativa.​

Prefeitura de SP inicia obras de estacionamento sob o Minhocão e enfrenta críticas de especialistas
Remoção parcial de ciclovia para criação de vagas de estacionamento gera polêmica e ações judiciais em São Paulo(Reprodução – Google Maps)

🚧 Obras e proposta da Prefeitura

O projeto prevê a remoção parcial da ciclovia existente no canteiro central da Avenida Amaral Gurgel e da Avenida São João, para a criação de vagas de estacionamento em ângulo ou paralelas. A ciclovia, atualmente com faixas unidirecionais em cada lado, será substituída por uma versão mais estreita e bidirecional, para acomodar os veículos. A proposta foi apresentada pela Subprefeitura da Sé à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) em março e recebeu parecer técnico favorável para a implementação de vagas lineares, desde que fossem feitas alterações na estrutura da ciclovia. ​

⚠️ Críticas e reações

A iniciativa foi duramente criticada por especialistas e vereadores. O urbanista Nabil Bonduki (PT) e a vereadora Renata Falzoni (PSB) anunciaram que entrarão com uma ação popular na Justiça para barrar as obras. Segundo Falzoni, a justificativa da Prefeitura de que a medida visa coibir o descarte irregular de lixo é insuficiente e desvia o foco de problemas mais complexos, como a presença de pessoas em situação de rua na região. Bonduki, por sua vez, criticou a ausência de estudos prévios e debates públicos sobre o projeto, afirmando que a decisão foi tomada de forma improvisada.

Além disso, o advogado Wilson Levy, diretor da Associação Parque Minhocão, questionou a viabilidade de projetos que envolvam a construção de túneis ou outras intervenções de grande porte na região, destacando que a área já conta com diversas opções de transporte público e que a construção de um túnel seria uma “tremenda bobagem”.

🏙️ Futuro do Minhocão

O futuro do Minhocão tem sido objeto de debate há anos. O Plano Diretor Estratégico de São Paulo prevê a desativação total do elevado para veículos até 2029, com possibilidades de transformação em parque suspenso ou demolição da estrutura. Projetos anteriores, como o proposto pelo arquiteto Jaime Lerner, sugerem a criação de um parque linear no local, inspirado no High Line Park de Nova York.

No entanto, a atual gestão municipal ainda não apresentou um plano definitivo para o elevado. Enquanto isso, medidas como a criação de estacionamentos sob o Minhocão são vistas por críticos como retrocessos que priorizam o uso do espaço público para automóveis, em detrimento de soluções que promovam a mobilidade ativa e o lazer urbano.

📌 Conclusão

A transformação da ciclovia sob o Minhocão em vagas de estacionamento reacende o debate sobre o uso do espaço urbano em São Paulo. Enquanto a Prefeitura defende a medida como uma solução para problemas locais, especialistas e representantes da sociedade civil alertam para a falta de planejamento e a necessidade de políticas públicas que priorizem a mobilidade sustentável e a qualidade de vida na cidade.​

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