Justiça

Advogado de Bolsonaro afirma que “não há prova” contra o ex-presidente no caso de tentativa de golpe

Defesa sustenta ausência de evidências e cerceamento do direito de defesa ao solicitar absolvição

A defesa de Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 3 de setembro de 2025, durante sessão na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que “não há uma única prova” que ligue o ex-presidente à trama golpista ou aos atos de 8 de janeiro de 2023, dizendo que ele foi “arrastado” para os fatos investigados pela Polícia Federal, sem ter atentado contra o Estado Democrático de Direito. O advogado Celso Vilardi destacou que a acusação se baseia em uma delação premiada e em minutas encontradas no aparelho de um colaborador da Justiça, sustentando que todo o material probatório – incluindo “bilhões de documentos”, cerca de 70 terabytes – foi disponibilizado à defesa de forma tardia e com tempo insuficiente para análise adequada, o que comprometeu o direito a uma ampla defesa e a chamada “paridade de armas”.

PGR recomenda policiamento contínuo nas proximidades da casa de Bolsonaro
Defesa sustenta ausência de evidências e cerceamento do direito de defesa ao solicitar absolvição(Lula Marques – Agência Brasil)

Durante sua sustentação oral, Vilardi também criticou o andamento acelerado do processo, argumentando que a condução célere prejudicou a análise do vasto material, e ressaltou que nem ele, como defensor, nem a defesa conheceram de fato a íntegra do processo. Complementando a argumentação, o advogado questionou a confiabilidade do delator Mauro Cid, apontando contradições em seus depoimentos, e afirmou que, diante dessas fragilidades, não seria razoável atribuir ao ex-presidente crimes com potencial de mais de 30 anos de pena.

Em linha com essas alegações, Vilardi sustentou que a ausência de provas concretas torna necessária a absolvição do ex-presidente. Outro advogado da defesa, Paulo Cunha Bueno, chegou a comparar o processo a uma possível nova versão do “caso Dreyfus” brasileiro, marcado por acusações infundadas e injustiça histórica.

Esses argumentos foram apresentados na segunda fase de julgamento, que atualmente se encontra em sua reta final com sessões agendadas até o dia 12 de setembro de 2025.

O caso, de caráter histórico, é o primeiro em que ocupantes de altos cargos são julgados no Brasil por tentativa de golpe de Estado, enfrentando acusações como organização criminosa, abolição violenta do Estado de Direito e envolvimento nos ataques de 8 de janeiro. A defesa, entretanto, mantém postura de total negação das acusações e da legitimidade do processo.

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