Alcolumbre paralisa sabatina de Messias e ameaça travar nomeação ao STF até 2026
Decisão de senador amplia impasse institucional e gera desgaste político para o governo, que vê indicação estagnar em meio a crise de articulação
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), surpreendeu o governo federal ao suspender, de forma indefinida, o calendário da sabatina do advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A medida, anunciada nesta terça-feira (2), expôs uma ruptura na relação entre o Legislativo e o Executivo, além de gerar incômodo entre aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo interlocutores próximos ao senador, a paralisação é uma resposta ao que ele considerou uma “omissão grave” do Palácio do Planalto.

A justificativa formal apresentada por Alcolumbre é a ausência do envio da mensagem oficial da indicação ao Senado, etapa necessária para o início do trâmite. Embora o nome de Messias já tenha sido publicado no Diário Oficial da União, o senador afirmou que o governo desrespeitou o rito constitucional ao não comunicar oficialmente a Casa. A leitura nos bastidores, no entanto, vai além da formalidade. Alcolumbre estaria insatisfeito com a forma como o Planalto vem conduzindo negociações com o Congresso, e decidiu usar o processo como forma de pressionar o Executivo.
A sabatina de Messias, inicialmente prevista para o dia 10 de dezembro, foi retirada da pauta da CCJ sem nova previsão de data. Fontes ouvidas por veículos de imprensa apontam que o presidente da comissão cogita manter a indicação travada até 2026 — ou mesmo abandoná-la, caso não haja mudança de postura por parte do governo. A decisão revela não apenas um embate pessoal, mas um conflito institucional mais amplo entre os poderes, com o Senado reafirmando sua autonomia diante do Executivo.
A estagnação da nomeação causa impacto direto no Supremo Tribunal Federal, que segue com uma vaga aberta, e também gera desgaste político para o governo Lula, que vinha articulando nos bastidores para aprovar o nome de Messias. O gesto de Alcolumbre joga luz sobre a fragilidade da base governista no Senado e escancara os limites da capacidade de articulação política do Planalto.
Além disso, a medida lança um sinal de alerta para futuras indicações do governo. A nomeação ao STF, que deveria ser um trunfo institucional, agora se converte em um obstáculo político de grande escala. A permanência do impasse não apenas posterga a recomposição da Corte, mas também enfraquece o capital político do Executivo.
Enquanto isso, Alcolumbre se consolida como figura de peso no Senado e usa a prerrogativa de presidente da CCJ para ditar o ritmo das decisões mais sensíveis da República. Em tempos de alianças frágeis e negociações tensionadas, a manobra é interpretada como uma demonstração de força — e, ao mesmo tempo, como um alerta: sem diálogo efetivo e respeito às prerrogativas parlamentares, o governo pode ver suas pautas travadas e sua base esfacelada.







