Casos de gripe aumentam e Tamiflu some das prateleiras
Vírus Influenza A responde por 33% dos casos graves de síndrome respiratória; antiviral está em falta nas farmácias e especialistas reforçam a importância da vacinação
Com a chegada das temperaturas mais baixas, também aumenta a preocupação dos profissionais de saúde: o avanço das doenças respiratórias. E neste ano, o cenário se agrava com a falta do oseltamivir — conhecido pelo nome comercial Tamiflu — nas prateleiras das farmácias, principal antiviral no combate à gripe.

Segundo o último boletim InfoGripe, da Fiocruz, o vírus da Influenza A já responde por 33,3% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no país, com crescimento contínuo da circulação. O dado acende o alerta para a importância do início precoce do tratamento com o antiviral — cuja eficácia depende da administração nas primeiras 48 horas após o surgimento dos sintomas.
“Ele age justamente onde o vírus está se replicando e tenta impedir a progressão da doença”, explica a pneumologista Sandra Guimarães. “Depois do terceiro dia, o efeito é praticamente nulo.”
Além de frear a ação do vírus, o medicamento também reduz o risco de complicações como infecções bacterianas que podem atingir os pulmões. O Tamiflu pode ser administrado em crianças a partir de dois anos, mas deve ser evitado por pessoas com histórico de problemas gástricos devido a efeitos colaterais.
Falta nas farmácias e alternativas limitadas
Procurado, o Ministério da Saúde informou que a distribuição do oseltamivir aos estados ocorre conforme a demanda. Já a fabricante do medicamento reforça que ele deve ser comprado apenas com prescrição médica e em caso de real necessidade — para evitar estoques desnecessários.
Segundo a pneumologista, há apenas uma alternativa ao Tamiflu no mercado, mais cara e importada, o que dificulta o acesso da população ao tratamento em larga escala.
Prevenção continua essencial
Diante da escassez do antiviral, especialistas reforçam que a melhor forma de se proteger da gripe é a prevenção. As principais orientações incluem:
Uso de máscara em locais fechados ou com pessoas gripadas;
Higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool em gel;
Vacinação anual contra a gripe, especialmente no outono e inverno.
“A vacinação é a forma mais inteligente de se proteger. O vírus muda todo ano, por isso a vacina precisa ser renovada”, destaca Sandra. “E o paciente já transmite a gripe um dia antes de ter os sintomas, então é preciso cuidar desde antes do primeiro espirro.”
Com o avanço da influenza e a escassez de antivirais, manter hábitos de proteção e a carteira de vacinação em dia são atitudes fundamentais para atravessar o inverno com mais saúde.