Bolsonaro nega plano de golpe em depoimento ao STF
Em depoimento, ex-presidente afirma que nunca participou ou incentivou articulações golpistas e diz ser vítima de perseguição política
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou nesta terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF) ter cogitado ou participado de qualquer plano de golpe de Estado durante seu governo ou após o resultado das eleições de 2022. O depoimento foi prestado no âmbito do inquérito que investiga uma suposta tentativa de subversão do Estado Democrático de Direito.

Durante o interrogatório, conduzido pela Polícia Federal com autorização do ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro declarou que sempre atuou “dentro das quatro linhas da Constituição” e alegou ser alvo de uma campanha para impedir sua atuação política. O ex-presidente também afirmou que não teve envolvimento com minutas golpistas apreendidas pela PF, nem com reuniões que discutiam uma possível intervenção militar.
A defesa do ex-presidente reforçou que ele jamais incentivou medidas antidemocráticas e classificou as acusações como “fantasiosas e sem provas concretas”. O advogado Paulo Bueno ressaltou que Bolsonaro já respondeu a mais de 30 convocações judiciais desde que deixou o cargo, o que, segundo ele, demonstra um “claro viés persecutório”.
O inquérito que envolve o ex-presidente é um dos mais sensíveis atualmente em andamento no STF. Entre os elementos da investigação estão trocas de mensagens, depoimentos de ex-auxiliares e vídeos de reuniões ministeriais que teriam demonstrado intenção de romper com a ordem constitucional.
A oitiva desta segunda faz parte do cerco judicial que se estreita em torno do ex-presidente, que já teve o passaporte apreendido, está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pode enfrentar novas ações penais, a depender do avanço das investigações.