Vídeo: câmera corporal mostra PM executando suspeito rendido em Paraisópolis
Imagens gravadas por bodycams revelam execução de Igor Oliveira de Moraes Santos, rendido com as mãos na cabeça, durante operação da Polícia Militar; dois agentes estão presos e indiciados
Na última quinta-feira (10), durante uma operação da Polícia Militar em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, um vídeo captado por câmeras corporais dos próprios policiais expôs um episódio contundente de violência. As imagens mostram o momento em que agentes atiram e matam Igor Oliveira de Moraes Santos, de 24 anos, que estava rendido e com as mãos na cabeça dentro de uma residência. Logo após os disparos, é possível ouvir um policial comentar: “as COP, as COP”, referindo-se às câmeras acopladas ao colete.
O vídeo, com cerca de dois minutos e divulgado pela Polícia Militar (Veja o vídeo a cima), revela Igor inicialmente agachado e rendido. Mesmo assim, um policial dispara duas vezes, ele se levanta com a mão direita levantada e, em seguida, mais disparos são efetuados por dois PMs. Atingido, Igor cai ao chão, instantes após declarar que não tinha antecedentes criminais.
Os policiais identificados como Robson Noguchi de Lima e Renato Torquatto da Cruz foram presos em flagrante e indiciados por homicídio doloso, após a própria PM reconhecer que a ação “não foi dentro dos padrões, dentro das excludentes de licitude”. O coronel Emerson Massera, chefe de comunicação da corporação, afirmou que os agentes sabiam da ilegalidade e optaram por agir daquela forma, reforçando que o treinamento não é justificativa para a conduta.
O caso agravou os protestos em Paraisópolis na noite seguinte, com artefatos incendiários, bloqueios de ruas e depredações, e uma nova operação que resultou na morte de mais um homem suspeito e no ferimento de um PM da ROTA.
As câmeras corporais, ativadas remotamente, foram decisivas para comprovar a execução. O sistema, parte de uma política de transparência implementada pela PM de São Paulo, acabou registrando a violação. O caso agora é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e pela Polícia Judiciária Militar, que já indiciou outros dois PMs por darem versões conflitantes com o vídeo.
O que diz a Polícia Militar
Segundo o coronel Emerson Massera, chefe da comunicação da PM, as prisões dos agentes aconteceram após a análise das imagens das câmeras corporais usadas pelos policiais.
Massera ressaltou que a corporação não compactua com erros de policiais e que foi determinada uma apuração rigorosa sobre o episódio. “Foram condutas criminosas”, acrescentou. “Reconhecemos nosso erro e os policiais já estão sendo responsabilizados e vão responder por isso”, disse. Segundo ele, “houve o erro do policial, não falta de treinamento ou preparo”.
Os agentes usavam o modelo novo de câmeras corporais, em que a gravação tem que ser ativada. De acordo com o coronel, uma das câmeras foi acionada por um dos policiais, ativando automaticamente, via bluetooth, as demais.