Mauro Cid presta depoimento à Polícia Federal após buscas
Investigado por tentativa de obtenção de passaporte para fuga junto com ex-ministro Gilson Machado, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro negou irregularidades em depoimento que durou cerca de duas a três horas.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, prestou depoimento nesta sexta-feira (13) à Polícia Federal, em Brasília, após ser alvo de mandado de busca e apreensão no Setor Militar Urbano. A ação faz parte de uma investigação que apura a tentativa de obtenção de passaporte português, possivelmente com o objetivo de deixar o país. O caso envolve também o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, preso nesta manhã em Recife.

Cid negou qualquer intenção de fuga e afirmou que nunca pediu ajuda a Gilson Machado para conseguir o documento. Segundo ele, trata-se de uma “novidade”, e o processo de cidadania portuguesa que deu entrada em janeiro de 2023 dizia respeito apenas a seus familiares, que já possuíam vínculos com Portugal. O depoimento durou entre duas e três horas e foi considerado “esclarecedor” pelos investigadores, embora não se descarte a possibilidade de novos interrogatórios nos próximos dias.
Além de Cid, a operação da PF cumpriu outros dois mandados de busca, um de apreensão e um de prisão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Apesar da prisão ter sido autorizada, Cid foi liberado ainda nesta sexta, mediante imposição de medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e proibição de uso de redes sociais.
A PF também investiga mensagens atribuídas a um perfil no Instagram vinculado a Cid. As comunicações conteriam trechos do acordo de delação premiada negociado com a Polícia Federal, o que poderia indicar vazamentos de informações confidenciais. Cid classificou o conteúdo como uma “falsidade grotesca” e já solicitou ao STF que investigue a autoria das mensagens.
Outro ponto citado por sua defesa foi a viagem de familiares aos Estados Unidos, realizada em 30 de maio. Segundo os advogados, a esposa, uma filha e os pais do tenente-coronel foram aos EUA para participar de eventos particulares e têm retorno previsto para 20 de junho. O argumento busca reforçar a tese de que não havia qualquer plano de fuga por parte de Cid ou de sua família.
A investigação segue em andamento sob relatoria de Alexandre de Moraes no STF e apura suspeitas de obstrução de Justiça e favorecimento pessoal. A PF analisa registros digitais e tentativas de expedição de documentos, buscando esclarecer se houve efetivamente a tentativa de fuga ou se tudo se resume a procedimentos administrativos legítimos, como sustenta a defesa.