Lula perde influência no exterior e vê popularidade cair no Brasil, aponta revista britânica
Artigo do The Economist destaca atrito diplomático e desgaste político interno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
A revista The Economist, de Londres, publicou em 29 de junho um artigo com o título “Brazil’s president is losing clout abroad and unpopular at home”, no qual avalia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem enfrentando, simultaneamente, erosão de influência diplomática e queda de popularidade entre os brasileiros.

Segundo a publicação, a avaliação mais recente decorre, em parte, de uma postura de extrema firmeza de Brasília ao criticar bombardeios dos Estados Unidos ao Irã em 22 de junho – declaração que manteve o governo brasileiro em desacordo com a maioria das democracias ocidentais . A revista também ressalta a falta de adaptação de Lula ao novo contexto internacional, enfatizando que Brasil mantém uma política externa considerada “incoerente e autoritária” no âmbito do BRICS.
No plano doméstico, o texto lembra que Lula, que costumava figurar entre os líderes mais populares do mundo, agora enfrenta significativa impopularidade. Embora a revista não traga números internos além de destacar a queda no índice de aprovação, outros levantamentos recentes apontam aprovação abaixo dos níveis observados no início do terceiro mandato .
O colunista do The Economist aponta uma desconexão entre a agenda externa audaciosa, envolvendo posicionamentos controversos sobre o Irã e a guerra na Ucrânia, e as preocupações locais, como inflação, desemprego e polarização política. A matéria sugere que Lula não tem conseguido “ler” rapidamente esse novo equilíbrio global — e que seus parceiros internacionais enxergam essa postura como sinal de instabilidade .
Analistas ouvidos pelo veículo argumentam que a perda de influência é resultado de um método diplomático sem clareza nítida entre alinhamento a países ocidentais ou uma postura independente, intensificado por declarações que desagradaram aliados tradicionais. Internamente, o desgaste é atribuído ao ritmo lento de avanços econômicos, inflação ainda presente e desgaste político ante novos problemas, como a polarização, que diminui a margem de apoio transversal .
O panorama traçado pela publicação britânica reforça que Lula enfrenta um momento delicado — marcado por isolamento em algumas frentes internacionais e queda na confiança popular. Resta saber se ele conseguirá reposicionar o Brasil estrategicamente e retomar o apoio doméstico nos próximos meses, com vistas às eleições de 2026.