Lula celebra recuo de Trump em tarifas e defende diálogo como ferramenta diplomática
Presidente brasileiro afirma que redução das tarifas dos EUA é resultado de negociação e maturidade política entre governos com visões distintas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou nesta quinta-feira (20) sobre a decisão do governo dos Estados Unidos de iniciar a retirada das tarifas adicionais impostas a produtos brasileiros. Para Lula, a medida representa uma “vitória do diálogo e do bom senso”, fruto direto das negociações conduzidas entre os dois países.

A declaração foi feita nas redes sociais e também durante discurso no Salão do Automóvel, em São Paulo, onde o presidente destacou que, apesar das diferenças ideológicas com o presidente Donald Trump, é possível manter relações institucionais respeitosas e produtivas. “Ninguém é obrigado a concordar com ninguém”, disse. “A única coisa que nós temos que ser é respeitosos uns com os outros e admitir o exercício da democracia.”
Lula afirmou que optou pela cautela quando os Estados Unidos elevaram, em agosto, as tarifas de importação para diversos produtos brasileiros. À época, preferiu evitar reações precipitadas. “Não costumo tomar decisão com 39 graus de febre”, comparou, ao comentar que esperou o momento adequado para buscar uma solução negociada.
Segundo o presidente, a revogação parcial da tarifa de 40% aplicada a produtos como carne bovina, café, cacau, açaí, manga e outros é resultado direto do processo de negociação iniciado entre os ministérios das Relações Exteriores dos dois países. A medida começou a valer em 13 de novembro, mesma data de uma reunião entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.
Lula acrescentou que continuará em diálogo com o presidente Trump para tentar resolver as tarifas restantes e defendeu que a soberania nacional e os interesses da agricultura, da indústria e dos trabalhadores brasileiros seguirão como prioridades em futuras conversas. “Esse foi um passo na direção certa, mas precisamos avançar ainda mais”, declarou.
A postura do presidente brasileiro contrasta com a tensão inicial causada pela imposição das tarifas, que afetaram mais de 200 produtos brasileiros no início do segundo semestre. Na semana anterior à decisão da Casa Branca, os Estados Unidos já haviam reduzido parte dessas tarifas para uma série de itens alimentícios, sinalizando abertura para acordos pontuais.
O episódio revela uma abordagem diplomática pragmática adotada pelo governo brasileiro: o diálogo como ferramenta para resolver impasses comerciais com parceiros estratégicos, mesmo diante de discordâncias políticas entre chefes de Estado.







