Brasil avança na vacinação, mas cobertura insuficiente ainda preocupa autoridades
Dados recentes mostram recuperação nos índices vacinais, porém o abandono de doses e a desinformação seguem como grandes desafios.
O Brasil tem apresentado sinais de recuperação nas taxas de vacinação nos últimos dois anos, mas os índices permanecem abaixo das metas estipuladas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). De acordo com o Anuário VacinaBR 2025, cerca de 80% da população vive em municípios que não atingiram os níveis mínimos recomendados para diversas vacinas.

Especialistas apontam que, embora haja uma melhora em relação ao período crítico da pandemia, os desafios estruturais e comportamentais continuam limitando o alcance vacinal.
Um dos principais avanços foi observado na cobertura contra o sarampo. Após um intenso esforço nacional, o Brasil voltou a ser considerado um país livre da circulação endêmica do vírus em 2023. No entanto, outras vacinas essenciais, como a tríplice viral, continuam com cobertura abaixo do esperado. Em 14 estados, a aplicação da segunda dose da tríplice viral ficou abaixo de 50%.
Outro problema que chama a atenção é o abandono vacinal. Desde 2018, o Brasil registra taxas preocupantes de pessoas que iniciam, mas não completam o esquema vacinal. Esse fenômeno afeta principalmente a imunização infantil, prejudicando a proteção coletiva.
A desinformação tem desempenhado um papel central nesse cenário. Campanhas antivacina, muitas vezes impulsionadas pelas redes sociais, geram dúvidas na população sobre a segurança e eficácia dos imunizantes. Médicos e especialistas em saúde pública alertam que o combate a essas narrativas é tão importante quanto a distribuição das vacinas.
Além disso, barreiras logísticas dificultam o acesso da população aos postos de vacinação. Atualmente, o país conta com cerca de 38 mil salas de vacina. No entanto, o funcionamento muitas vezes se restringe ao horário comercial, o que limita o atendimento de trabalhadores e estudantes. Problemas de abastecimento e falta de profissionais também prejudicam a cobertura.
Para reverter esse quadro, autoridades de saúde sugerem uma série de medidas. Entre elas, estão a ampliação dos horários de atendimento, o uso de campanhas de conscientização com linguagem mais acessível, e a adoção de estratégias de busca ativa, identificando e vacinando quem está com doses em atraso. Há ainda propostas de integração de postos privados ao PNI e de incentivos para estimular a adesão da população.
A recuperação dos índices vacinais é vista como essencial para evitar o retorno de doenças já controladas e garantir a proteção de toda a população.