Usuários de drogas migram para novos pontos em São Paulo além da Cracolândia
Após ações de dispersão no centro, dependentes químicos se concentram em outras regiões da cidade, preocupando moradores e comerciantes
A concentração de usuários de drogas em São Paulo, historicamente associada à região da Cracolândia, tem se espalhado para outros pontos da capital. Segundo relatos de moradores, comerciantes e dados da Prefeitura, diferentes áreas do centro e bairros adjacentes vêm registrando aumento da presença de dependentes químicos.

A dispersão foi intensificada após operações de segurança realizadas pelas forças policiais e pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), com o objetivo de reduzir a ocupação no entorno da Praça Princesa Isabel e da Rua Helvétia, epicentros tradicionais da Cracolândia.
Entre os novos locais de concentração apontados estão regiões como Santa Cecília, Campos Elíseos, e trechos da Barra Funda. Também há relatos de aumento de fluxo de usuários em bairros mais afastados, como o Brás e até a Zona Leste.
Impacto para a população
Moradores relatam aumento da sensação de insegurança e preocupação com o avanço do problema. “Antes víamos esse cenário restrito a uma área, agora a situação está se espalhando. É um problema de saúde pública, mas a população também precisa de proteção”, afirma Carlos Nascimento, comerciante da Santa Cecília.
A Prefeitura de São Paulo informou que intensificou as ações de abordagem social e assistência aos dependentes químicos, além de manter a parceria com o Governo do Estado para operações de segurança. Entretanto, especialistas alertam que a simples dispersão não resolve a questão. “Sem políticas eficazes de tratamento e reinserção social, o fluxo apenas muda de lugar”, explica a urbanista Maria Clara Silva, da USP.
Desafios e soluções
A questão do uso de drogas em espaços públicos é um tema complexo, envolvendo fatores sociais, econômicos e de saúde. Programas como o Recomeço e iniciativas de moradia assistida têm sido apontados como caminhos para uma abordagem mais humana e eficiente.
O Ministério Público acompanha a situação e cobra medidas estruturantes, que vão além das operações pontuais. A Câmara Municipal também discute a ampliação de recursos para projetos de acolhimento e tratamento.