Justiça

STF julga reconhecimento de vínculo trabalhista para motoristas e entregadores de aplicativos

Corte vai decidir se plataformas como Uber, Rappi e iFood devem responder por obrigações trabalhistas em mais de 10 mil processos

O Supremo Tribunal Federal (STF) dará início nesta quarta-feira (1º) ao julgamento que pode redefinir o panorama das relações de trabalho digitais no país ao decidir se motoristas e entregadores de aplicativos mantêm vínculo empregatício com as plataformas que utilizam, como Uber, Rappi, iFood e 99. A pauta, de repercussão geral, envolve dois recursos relatados pelos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes e reúne cerca de 10 mil processos espalhados pela Justiça do Trabalho que aguardam uma decisão definitiva do plenário.

Câmara aprova urgência para votar vale-refeição a entregadores de aplicativo
Corte vai decidir se plataformas como Uber, Rappi e iFood devem responder por obrigações trabalhistas em mais de 10 mil processos(Fernando Frazão – Agência Brasil)

As empresas envolvidas contestam decisões que reconheceram vínculo empregatício, argumentando que esse entendimento contraria posicionamentos anteriores do STF e implica em impactos severos ao modelo de negócios da economia digital. A Rappi sustenta que decisões favoráveis transgredem precedentes da Corte que afastaram vínculo formal para trabalhadores de plataforma, enquanto a Uber defende que sua atuação é tecnológica — e não de transporte —, e que impor vínculo trabalhista violaria o princípio constitucional da livre iniciativa.

Do outro lado, representantes de trabalhadores e entidades sindicais reivindicam que muitos motoristas e entregadores atuam sob forte controle, com exigência de metas e regras operacionais rígidas, o que configuraria subordinação e outros elementos típicos do vínculo empregatício. Para esses defensores, as plataformas têm poder de comando indireto, penalidades e restrições que limitam a autonomia real dos trabalhadores.

O julgamento será simbólico: será a primeira pauta apreciada com o ministro Edson Fachin atuando como presidente do STF, cargo que assumirá logo após a saída de Luís Roberto Barroso. A expectativa é que o resultado estabeleça um entendimento vinculante para todos os tribunais inferiores, trazendo segurança jurídica tanto para as plataformas como para os trabalhadores de aplicativos.

Independentemente do desfecho, a decisão influenciará diretamente os contratos de trabalho, o regime tributário das empresas de apps e o alcance dos direitos trabalhistas no mercado digital. Para o setor, uma eventual confirmação de vínculo representa aumento de custos com encargos como FGTS, férias, 13º salário e contribuições previdenciárias. Já para os trabalhadores, pode significar acesso mais sistemático a proteção social, benefícios trabalhistas e estabilidade jurídica.

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