Irã realiza funeral de Estado para comandantes militares e cientistas mortos em conflito com Israel
Cortejo em Teerã reúne multidão e líderes do regime para homenagens a oficiais de alto escalão e pesquisadores nucleares mortos nos confrontos de junho
Na manhã deste sábado (28), milhares de pessoas vestidas de preto tomaram as ruas de Teerã para o funeral de Estado em homenagem às cerca de 60 vítimas do recente conflito de 12 dias com Israel . Entre os mortos estavam figuras proeminentes como os generais Hossein Salami, comandante da Guarda Revolucionária Islâmica, Amir Ali Hajizadeh, líder da Força Aeroespacial do IRGC, e o chefe do Estado‑Maior das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, além de cerca de 16 cientistas nucleares.

O cortejo percorreu a famosa Azadi Avenue até a Praça Azadi, em uma cerimônia que mesclou ritos militares, homenagens religiosas e manifestações políticas, marcadas por cânticos como “Death to America” e “Death to Israel” ecoando entre os presentes . Conforme divulgado pela televisão estatal, flores, bandeiras brasileiras e imagens das vítimas acompanharam os caixões, enquanto mísseis eram exibidos ao longo do caminho, sob olhares atentos de autoridades como o presidente Masoud Pezeshkian, o chanceler Abbas Araghchi e o conselheiro do supremo líder Ali Shamkhani.
Embora a cerimônia tenha sido declarada feriado em Teerã, o Líder Supremo Ayatollah Khamenei permaneceu ausente, tendo sua última aparição pública registrado em 11 de junho — pouco antes do início dos ataques israelenses — e posteriormente divulgado um vídeo em que se refere à guerra como uma vitória.
O balanço oficial iraniano aponta 610 mortos e mais de 4.700 feridos, enquanto outras fontes, como a agência de direitos iraniana HRANA, estimam até 974 vítimas . Já Israel declarou ter eliminado cerca de 30 comandantes de alto escalão e 11 cientistas nucleares, justificando os ataques como forma de impedir o avanço do programa nuclear iraniano; o Irã nega qualquer intento bélico de seu programa, respaldado pelo relatório da agência nuclear da ONU.
O funeral reforça, internamente, a narrativa de sacrifício coletivo e espírito de resistência, enquanto externamente constitui um aviso de que, apesar do cessar‑fogo ter sido estabelecido, a tensão entre os dois países segue em estado latente. O evento simboliza a tragédia de uma guerra cujas vítimas se estendem além das fronteiras militares, atingindo civis, cientistas e líderes do país.