Em ato na Paulista, Bolsonaro diz que pode liderar o país sem ser presidente
Em manifestação neste domingo (29), ex-presidente enfatiza influência via Legislativo, defende anistia a bolsonaristas do 8 de Janeiro e critica julgamentos no STF
Neste domingo (29), milhares de pessoas se reuniram na Avenida Paulista para o sétimo ato organizado por Jair Bolsonaro (PL) após o fim de seu mandato. Com o lema “Justiça Já!”, o ex-presidente ressaltou que, mesmo inelegível até 2030, sua influência poderia se concretizar por meio de uma base legislativa sólida: “Me deem 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil. Nem eu preciso ser presidente”.
Destaques do discurso
Maioria no Legislativo: Bolsonaro afirmou que, com 50% das cadeiras na Câmara e no Senado, seria possível eleger presidentes das Casas, controlar comissões, agências reguladoras e até o Banco Central.
“Nem preciso ser presidente”: O ex-mandatário declarou que sua posição como presidente de honra do PL bastaria para exercer poder político por meio dos aliados.
Defesa da anistia: O ato foi organizado para pressionar pela anistia dos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, com Bolsonaro considerando o perdão um “remédio constitucional para pacificação”.
Crítica ao STF: Ele classificou o inquérito sobre a “trama golpista” como “fumaça de golpe”, afirmando que o objetivo não era apenas prendê-lo, mas eliminá-lo politicamente.
Contexto do ato
- Sétimo ato pós-2022: Desde que deixou o Planalto, Bolsonaro realizou sete atos públicos, sendo este o maior até o momento .
- Organização: Com trios elétricos próximos ao MASP e apoio logístico do pastor Silas Malafaia, o ato contou com a presença de líderes do PL e governadores aliados .
- Publico: Embora expressivo, o público foi menor que o registrado em abril deste ano, refletindo certa mobilização aquém do pico anterior .
Análise política
Bolsonaro está adotando uma estratégia de influência indireta, tentando consolidar poder via Congresso, uma alternativa à inelegibilidade imposta pelo TSE até 2030. A bandeira da anistia busca unificar sua base, ao passo que o discurso contra o STF reforça a narrativa de perseguição, criando um ambiente de combatividade para estimular o eleitorado bolsonarista.
Conclusão
Bolsonaro usou o ato na Paulista para reforçar que, mesmo sem a candidatura presidencial, pode exercer forte influência política por meio de uma bancada legislativa robusta. A aposta está em conquistar 50% das cadeiras na Câmara e no Senado em 2026, articular a aprovação de uma anistia aos militantes do 8 de Janeiro e mobilizar críticas ao STF para manter relevância e poder.