Polícia de São Paulo lança operação para coibir vandalismo em ônibus
Ação emergencial da PM envolve 7.800 policiais e investiga suspeita de desafios online como motivação dos crimes
A Polícia Militar de São Paulo iniciou nesta quinta-feira (3) a Operação Impacto Proteção a Coletivos, uma ação emergencial voltada a coibir e investigar a crescente onda de vandalismo contra ônibus na capital, na Região Metropolitana e na Baixada Santista. Desde meados de junho, mais de 280 ataques foram registrados, com maior concentração na zona sul da cidade de São Paulo.

Com previsão de duração até o dia 31 de julho, a operação mobiliza 7.800 policiais e 3.600 viaturas, que atuam em terminais, corredores de ônibus e garagens. O patrulhamento será intensificado especialmente no período noturno, entre 20h e 23h, quando os ataques ocorrem com maior frequência. A PM também realiza ações infiltradas, com policiais disfarçados entre os passageiros, para tentar flagrar os agressores em ação.
Segundo levantamento da SPTrans, ao menos 235 ônibus foram alvos de vandalismo desde 12 de junho. Já a Polícia Civil contabiliza 180 ocorrências registradas oficialmente, sendo que 60% dos casos se concentram na zona sul, em vias como a Cupecê e a Washington Luiz. Os autores costumam quebrar vidros traseiros e laterais dos veículos, geralmente utilizando pedras e objetos arremessados.
A principal linha de investigação, conduzida pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), aponta para a participação de adolescentes envolvidos em supostos “desafios” lançados em redes sociais, incentivando ataques coordenados. “Identificamos indivíduos de feição jovem em várias ocorrências. Não descartamos outras hipóteses, mas há forte indício de envolvimento digital”, afirmou o delegado Ronaldo Sayeg.
Apesar da gravidade e da escala dos ataques, a polícia descarta, por ora, a atuação de facções criminosas. Duas prisões foram efetuadas na região do ABC, relacionadas a crimes de dano, mas sem conexão com organizações.
Além do reforço no patrulhamento, o governo estadual orientou empresas de transporte a manter veículos de reserva para substituição rápida dos danificados, minimizando a interrupção dos serviços. A população, no entanto, segue apreensiva, principalmente nos bairros mais afetados.
A operação visa não apenas conter os atos de vandalismo, mas também proteger passageiros, motoristas e cobradores, garantindo a continuidade do transporte público durante a apuração dos crimes.