Política

Contas de Eduardo Bolsonaro são bloqueadas por decisão de Moraes

Ministro do STF restringe recursos e salário do parlamentar em licença nos EUA, como estratégia investigativa

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ordenou nesta segunda-feira (21 de julho de 2025) o bloqueio das contas bancárias, chaves Pix, salário parlamentar, além dos bens móveis e imóveis do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex‑presidente Jair Bolsonaro. A decisão, derivada de um inquérito sigiloso, tem por objetivo impedir que suas movimentações financeiras no exterior – especialmente nos Estados Unidos, onde está residindo desde fevereiro – sirvam para financiar ações contra o governo brasileiro ou pressionar autoridades na tentativa de influenciar decisões judiciais e diplomáticas.

Contas de Eduardo Bolsonaro são bloqueadas por decisão de Moraes
Ministro do STF restringe recursos e salário do parlamentar em licença nos EUA, como estratégia investigativa(Mario Agra – Câmara dos Deputados)

Eduardo admitiu em entrevistas que já recebeu cerca de R$ 2 milhões de Jair Bolsonaro para custear sua estada nos EUA, o que chamou a atenção dos investigadores como possível meio de financiamento para campanhas contra o STF. O parlamentar havia solicitado licença de seu mandato por quatro meses, que expirou no domingo, 20 de julho. Com o bloqueio, ele está impedido não apenas de movimentar recursos, mas também de receber seu próprio salário enquanto deputado federal.

A medida faz parte de um esforço conjunto do STF e da Polícia Federal para conter intervenções que Eduardo Bolsonaro estaria promovendo nos EUA, como pedido de sanções diplomáticas por parte de autoridades norte-americanas – inclusive com apoio do ex‑presidente Donald Trump e do senador Marco Rubio. Em razão da pouca eficácia de medidas de prisão para indivíduos nos EUA, as autoridades optaram por recorrer a sanções patrimoniais como forma de limitar sua atuação.

O impacto político da decisão é significativo. A licença acabou, mas Eduardo seguiu nos Estados Unidos mesmo após 20 de julho, corre risco de cassação por ausência não justificada conforme regimento da Câmara, e agora vê seu poder financeiro restringido. Ele classificou a medida como “arbitrária e criminosa”, acusando Moraes de ditadorismo, e repetiu críticas contra o STF.

A ação representa um novo capítulo na crescente tensão entre o Poder Judiciário e os bolsonaristas. Já no fim de semana, Moraes havia imposto medidas cautelares ao ex‑presidente Jair Bolsonaro, incluindo tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato com embaixadas e uso de redes sociais. Eduardo, por sua vez, tentava canalizar apoio internacional por meio de congressistas e autoridades ligadas à chamada “direita global”.

O inquérito que embasa a decisão investiga se Eduardo Bolsonaro atuou nos EUA para pressionar governos estrangeiros a agir contra o STF e o Brasil, o que pode configurar crimes como coação no curso do processo, obstrução da Justiça e atentado contra o Estado Democrático de Direito. 

Até o momento, não há prazo definido para novas etapas do inquérito, mas o bloqueio dos bens deverá ter validade enquanto as investigações avançarem. A estratégia escolhida pelo STF indica a escalada institucional na busca por instrumentos capazes de conter interferências em processos internos do país.

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