Política

Crítico ao governo de Israel, Lula encara dilema para sancionar Dia da Amizade Brasil‑Israel

Presidente tem até 18 de junho para sancionar ou vetar criação do Dia da Amizade, enquanto mantém postura firme contra ações militares israelenses em Gaza.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta uma encruzilhada diplomática ao decidir se sanciona ou veta, até quarta-feira (18), o projeto que institui o Dia da Celebração da Amizade Brasil‑Israel no dia 12 de abril.

Crítico ao governo de Israel, Lula encara dilema para sancionar Dia da Amizade Brasil‑Israel
Presidente tem até 18 de junho para sancionar ou vetar criação do Dia da Amizade, enquanto mantém postura firme contra ações militares israelenses em Gaza(Ricardo Stuckert-PR)

A proposta, originada em 2013 durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff, foi reapresentada e aprovada pelo Senado no último mês de maio. Se sancionada, passa a integrar o calendário oficial, homenageando o estabelecimento da representação diplomática brasileira em Tel Aviv, em 1951.


Cenário de tensão

Desde o início de seu terceiro mandato, em janeiro de 2023, Lula tem sido fortemente crítico às ofensivas de Israel na Faixa de Gaza, classificando-as como “genocídio” e comparando-as ao Holocausto—a fala levou o governo israelense a declarar o presidente “persona non grata”.

Em fevereiro de 2024, durante visita à Etiópia, Lula afirmou:

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza […] existiu quando o Hitler resolveu matar os judeus”.

Autoridades israelenses reagiram duramente. O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, acusou Lula de antissemita por equiparar a campanha de Gaza ao Holocausto.


Pressões internas

No Brasil, há forte apelo de entidades jurídicas pela rejeição do projeto. A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) enviou carta a Lula pedindo veto, argumentando que a criação da data equivaleria a “endossar políticas de extrema‑direita” do governo Netanyahu e ignoraria “flagrantes violações de direitos humanos”.

Setores da base aliada e parlamentares conservadores, por outro lado, defendem a sanção como um ato institucional de respeito às relações bilaterais.

O que pode acontecer

  • Sancionar a lei seria um gesto de normalização diplomática com Israel, mas causaria repercussão negativa entre críticos das ações militares;
  • Vetar, por sua vez, reforçaria a posição firme do governo em defesa dos direitos humanos, mas acirrar tensões diplomáticas com Netanyahu;
  • Já a omissão, ou seja, não assinar nem vetar até o prazo, resultaria na promulgação automática do projeto – alternativa vista internamente como um caminho diplomático intermediário.

Contexto histórico

  • A primeira versão, prevista para 29 de novembro, foi vetada por Dilma em 2013, pois coincidia com o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino da ONU.
  • A nova proposta escolheu 12 de abril por marcar a criação da representação diplomática brasileira em Tel Aviv, em 1951.

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